terça-feira, 13 de maio de 2008

Depende

A vida inteira fui muito independente. É óbvio quando não tratamos de dinheiro, pois nunca trabalhei. Nunca mesmo, não sei nem o que é isso. Entrei na faculdade aos 17 anos, estudo em tempo integral e tenho uma família maravilhosa capaz de me manter sem grandes privações. Sempre fiz tudo sozinho, desde as tarefas do jardim de infância até alugar um apartamento e comprar os móveis. Talvez por dificilmente aceitar que alguém planeje minha vida ou que nela mande de maneira objetiva e direta, acabei me tornando um tanto orgulhoso. Tenho orgulho sim e isso as vezes é excessivo, me faz mal. Olha só a situação: Eram 16:35h, Turma XI em peso na faculdade e o professor nada de terminar a aula, que "veja bem", terminaria as 16:15h. Um situação normal e até mesmo corriqueira não fosse uma outra professora que nos esperava no Hospital, as 16:30h. Ou seja, já estávamos todos atrasados. Eu, como o inimigo número 1 do calor, acabo sempre indo pra faculdade de bermuda e havaianão mesmo. É do lado de casa e me sinto super bem assim! Mas ora! Já viu entrar de bermuda num hospital? Hospital de ensino ainda! Pra completar, me esqueci dessa bendita aula, não tava no cronograma, era uma reposição. Acadêmico não é bem-vindo nessas vestes em um serviços desses de saúde nem no calor da Paraíba. E com toda razão. O fato é que pra poder ir a aula, teria que pedir alguém uma carona, simples! Pedir uma carona e ainda pedir pra passar na minha casa para trocar de roupa. Poderia também ser simples! Pedir uma carona, pedir para passar na minha casa e sabendo que ainda que fôssemos teletransportados não chegaríamos a tempo. Já deu uma complicada... O HU fica a 6 km da faculdade, e passar na minha casa talvez não tomasse mais que 5 minutos, mas sequer passou pela minha cabeça de ousar. Preferi ir embora pra casa e não assistir a uma aula de Neonatologia a imaginar enxergar (ainda que amigo) alguém fazendo aquela careta discreta de "unh...". Talvez tenha agido certo e poupado de fazer o folgado, mas ainda assim, nessas condições penso que às vezes tenho orgulho sobrando e dessa forma acabo perdendo, pois saber pedir pode muitas vezes também dignificar um homem. Mas enfim... o independençado continua aí. Estudarei sozinho.
Ah! Mãe, paga minha conta do celulaaaaaaaaaaaaaar! Tenho muita coisa pra resolver por ele.

Um comentário:

Patrícia disse...

Sem querer ser pessimista, mas já sendo, posso dizer com conhecimento próprio que mais cedo ou mais tarde esse orgulho excessivo vai atrapalhar. O pior é que a gente tem que enfiar o orgulho sei lá onde nos piores momentos. Pq pedir carona é um fato relativamente cotidiano, e na hora de algo mais sério, grave? É horrivel...Então sei lá,resta pra gente tentar quebrar os hábitos.Tentar mesmo, pq quem é independente, como tu e eu, não consegue se livrar desse hábitos a não ser na marra. Como já diziam os Beatles na música de duplo sentido (rsrs) sobre a qual a gente tava falando ontem "one thing i can tell you is you got to be free"...a gente tem que ser livre, ate pra se permitir ser ajudado de vez em quando. Bjão guri!